segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Graffiti entre paredes

Estou estudando graffiti e arte urbana em meu doutorado, ou seja, só penso nisso o tempo todo! Cada dia coloco em minha casa elementos da rua, já tenho uma parede que simula concreto, quadros com fotografias de graffitis e pintei uma forma geométrica com spray em meu home office.

Procurando algumas referências, achei fotos bem interessantes do uso do graffiti como elemento de decoração, trouxe um pitada do que encontrei para compartilhar.









Fico louca só de ver estas fotos, mas confesso que estou vivendo um dilema: será que trazer a estética urbana para o espaço fechado de um apartamento não seria uma forma de "enquadrá-la" e será se isto não iria diminuir o seu potencial criativo, transformador, contestador?

Por outro lado, por que não? A arte urbana não merece o mesmo prestígio das outras artes? E também não deslocamos o sentido de qualquer obra ao mudá-las de lugar e de suporte? Usar a arte urbana como artefato decorativo também é uma forma de lhe valorizar, de lhe conferir status de arte. Mas ao ganhar esse status é certo que ela percorrerá o caminho que vai da margem ao centro e perderá muito de sua potência criativa e libertadora no percurso. Ou encontrará formas de burlar o que foi padronizado e trará um pouco do questionamento das ruas para as casas, fazendo de nossos lares prolongamentos não só dos ordenamentos que encontramos nas cidades, mas também lugares de deslocamento do olhar, de fruição de novidades, de encontro de vozes.


terça-feira, 23 de setembro de 2014

10 filmes para mulheres que querem se descobrir

 A lista abaixo não foi feita para quem só gosta de finais felizes, não são filmes para nos distrair. É uma lista feita para as mulheres que, assim como eu, resolveram enfrentar a jornada em busca de si. Quero me conhecer nem que isto custe caro, mesmo que cause danos. Quero conhecer meus medos e minhas fortalezas, meus desejos e minhas (auto)punições. Quero tentar me entender mesmo correndo o risco de descobrir que isto é impossível.

Esses filmes causaram múltiplas reações em mim: fiquei muda ao sair do cinema, quis fugir para Barcelona, repensei minha relação com minha mãe, tive vontade de gritar mas não fiz, chorei desesperadamente na frente de estranhos e descobri o quanto minha aparente calma esconde uma mulher que quer expandir.


1 - As pontes de Madison (1995)
Assisti em casa, num Corujão da vida, a história de uma dona de casa de uma pequena cidade dos Estados Unidos que fica sozinha enquanto o restante de sua família participa de um concurso com os animais de sua fazenda. A personagem Francesca, interpretada por Meryl Streep, encontra, então, um fotógrafo da National Geographic (Clint Eastwood) que lhe pede ajuda para fotografar uma ponte de madeira perto de sua casa. Ela começa uma rápida e intensa história de amor com o fotógrafo. Viver uma história de amor arrebatadora ou manter uma família "feliz" é o grande conflito do filme. Você vai se pegar segurando na maçaneta do carro enquanto toma a decisão de ficar ou partir.
   


2 - Tomates Verdes Fritos (1991)
Ainda era criança quando assisti esse filme e fiquei fascinada com uma personagem que era uma encantadora de abelhas, achava que o segredo para não ser picada ao tirar o mel era ter coragem e tentei descobrir o que de mim encontrava naquela menina que enfrentava os homens nos anos 1920, que protegia a amiga, que acolhia todos. A história começa com uma mulher que vai visitar a sogra num asilo e conhece uma senhora com uma história repleta de aventuras e desafios de ser uma mulher, ter uma opinião e não baixar a cabeça enquanto as outras preferem calar.



3 - Frida (2002)
Não é só o filme, a história e as obras de Frida Kahlo são fortes, ferozes. O filme é narrado a partir de seus quadros que são altamente (auto)biográficos. As dores nas costas, o romance aberto e altamente conturbado com o artista plástico Diego Rivera, as cores intensas, tudo é muito exacerbado. É tanta dor e tanto amor que os dois parecem ser vividos como um. "Pies, para que los quiero si tengo alas para volar?" (Pés, para quê os quero se tenho asas para voar?), se perguntava Frida que também explicava que suas obras não são surrealistas, ela só contava sua vida, assim como a enxergava.



4 - O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (2001)
Um clássico para quem gosta de iluminar os pormenores, como dizia Walter Benjamin. O filme narra a história de uma garotinha que viveu isolada do mundo, pois seus pais achavam, equivocadamente, que ela sofria do coração. Amélie cresceu, tornou-se garçonete e foi morar no subúrbio de Paris, num apartamento onde encontrou uma caixinha que resolveu devolver para o antigo morador. O sujeito ficou tão feliz que ela decidiu que proporcionaria pequenos momentos de alegria para outras pessoas, mas ao fazer isto ela própria passava por momentos de descobertas que mudariam sua forma de ver e viver o mundo. 



5 - Vicky Cristina Barcelona (2008)
Esse filme os homens irão adorar! Do diretor Woody Allen, o filme conta a história de duas amigas, Vicky (Rebecca Hall) e Cristina (Scarlett Johansson), vão para Barcelona e conhecem o sedutor Juan Antonio (Javier Bardem), que tinha acabado de sair de um romance com Maria Elena (Penelope Cruz). Juan, é claro, acaba se envolvendo com todas. Mas o que me tocou foram os conflitos de Vicky. Ela era noiva, estava fazendo uma pesquisa de mestrado e estava orgulhosa do quanto sua vida era controlada. Vicky descobriu em Barcelona que o controle era só aparente, que basta uma mexida para você perceber que na verdade nada fazia sentido, que estava tudo fora do lugar, que ela escondia uma mulher descontrolada, que deseja, tem dúvidas e não sabe o que irá acontecer. Ai de mim Barcelona! 



6 - Volver (2006)
O Almodovar tinha que aparecer! Eu o considero o diretor que mais dialoga com a complexidade feminina. Escolhi Volver, não porque acho o seu melhor filme (mas talvez ache. Ainda não sei...), mas por simplesmente adorar as diferentes mulheres e gerações que aparecem na trama. Amo a história de que no período de fortes ventanias as mulheres daquela família enlouquecem, perdem o rumo, fazem coisas insanas. Queria que esse vento soprasse por aqui.



7 - Sob o Sol da Toscana (2003)
Eu sei que falei que não iríamos ter histórias divertidas e esta é. Mas ela não é só divertida, é linda, fala de uma escritora divorciada que numa viagem para Toscana resolve recomeçar a vida e acaba redescobrindo a si mesma. Deu muita vontade de conhecer os campos floridos, as praças bucólicas e tomar sorvete perto de uma fonte do desejo. Quando terminar de assistir esse filme você vai acreditar que a vida é bela e que o amor pode simplesmente aparecer. 



8 - Gia: fama e destruição (1998)
Da felicidade à destruição total! Se você quer chorar, então é só assistir a história verídica da modelo Gia  Carangi. Posso afirmar que nesse filme e em "Garota Interrompida" Angelina Jolie faz suas melhores interpretações. Gia encanta o mundo da moda com sua personalidade marcante, sua rebeldia que de tão forte podia ser capturada pelas lentes. Ela acaba se envolvendo com amores difíceis, inclusive com outra mulher, começa a usar drogas injetáveis e acaba contraindo AIDS, isto numa época em que nem sabiam direito o que era o vírus, nos anos 1980.  



9 - Minha Mãe é uma Sereia (1990)
Sessão da tarde total! Esse filme com Cher e Winona Ryder fala de uma mãe muito diferente de sua filha. A personalidade expansiva da mãe e intimista da filha me fizeram lembrar da minha relação com minha mãe. A personagem interpretada por Cher parece super resolvida, mãe solteira, sem problemas, mas ela também é frágil e tem medo de compromissos. Enquanto a filha, que parece que vai se despedaçar a qualquer momento, descobre suas fortalezas. É uma história para assistir comendo pipoca.



10 - As horas (2002)
Fiquei muda depois de assistir esse filme. Não sabia explicar para a pessoa que foi comigo o porquê de não conseguir falar. Eu precisava de tempo! Mas ainda é difícil... O filme conta as histórias de três mulheres que vivem tempos diferentes, a escritora Virginia Woolf (Nicole Kidman, irreconhecível) nos anos 20, a dona de casa Laura (Julianne Moore), dos anos 50, e a editora de livros Clarissa (Meryl Streep), dos tempos atuais. As histórias das três são interligadas pela obra de Virginia Woolf que relata seus conflitos e sua depressão. A trama vai aprofundado ao passo em que as personagens vão se descobrindo e quem está assistindo também. É arrebatador!

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Banda do mar, porque (a)mar é preciso!




Um amor solar de duas pessoas que poderiam passar horas conversando sozinhas e ainda teriam vontade de mais, é o que canta o projeto musical intitulado Banda do Mar, criado em 2014 por Marcelo Camelo, Mallu Magalhães e o baterista português Fred Ferreira.


Apesar de ser um trio, fica claro desde e primeira música, "Mais Ninguém", que Mallu Magalhães e Marcelo Camelo cruzaram o oceano e foram morar em Portugal porque queriam ficar sozinhos. A convivência gerou um álbum tão feliz, que parece ingênuo.

As músicas remetem à sonoridade de Los Hermanos, principalmente a faixa 6, "Faz Tempo", mas com um toque mais pop que o de costume e com uma pitada de surf music. São baladas de amor, para dançar coladinho ou para parafrasear numa cartinha apaixonada. Isto porque o amor que eles cantam não se corresponde por mensagens virtuais, é um amor analógico, de duas pessoas que estão fisicamente juntas e não têm medo do celular descarregar. 


As letras falam de um relacionamento intenso, mas também simples, sem grandes conflitos e totalmente correspondido. Vai ter quem fale que um amor assim não dura, que a vida é mais difícil, que os conflitos são inevitáveis. Pois eu digo que amar é preciso! Não devemos sofrer ao navegar em águas calmas com medo de uma possível tormenta que não vem. Então, vamos aproveitar o bom tempo para cantar canções de amores correspondidos, pois elas andam raras e devem ser apreciadas!




Serviço: A Banda do Mar fará apresentação dia 1º de novembro, no Teatro Castro Alves, em Salvador.
Mais informações: https://www.facebook.com/bandadomar
Álbum completo no iTunes: http://smarturl.it/bandadomar

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

7 dicas para montar um home office em pequenos espaços

A missão de uma jornalista, que precisa montar seu próprio home office e não entende nada de decoração, é pesquisar! Andando por entre sites e blogs brasileiros e norte americanos, encontrei um bom material de referência que me ajudou a aproveitar melhor os espaços e embelezar meu ap.

Segue, então, uma lista com sete dicas que consegui reunir em pesquisas na internet:

1-Usar cores neutras como branco e madeira, com detalhes mais coloridos. Um ambiente muito colorido pode criar uma sensação de que o espaço é menor, mas é possível usar uma cor mais forte nos objetos de decoração ou na metade de uma parede, como podemos ver na foto. 


2- Ainda sobre cores, é importante criar uma harmonia, usando cores que combinem ou contrastem. O preto dá um destaque interessante para o amarelo. Resolvi usar estas duas cores em meu home office e gostei do resultado. Mas o cinza, o amarelo e o vermelho também ficam interessantes em uma composição.


3- O meu home office também precisa ser o quarto de hóspedes. Assim, vale muito a pena investir num sofá-cama bem confortável. Ele é ideal para espaços pequenos. Aqui no Ceará também não podem faltar armadores para rede.


4- Uma bancada extensa ajuda a dar uma impressão de que o cômodo tem um bom comprimento e pode ser usada por mais de uma pessoa. Ainda pensei em fazer uma bancada em L, mas ela ocuparia muito mais espaço. Esta foi a solução mais prática que encontrei.


5- Esta ideia é do programa Decora, no GNT. Como podemos ver, a bancada é removível. Não fiz desta forma, mas achei a proposta bem interessante.



6- Muitas prateleiras foi uma solução fantástica para mim. Eu e meu marido temos muitos livros e as prateleiras brancas com os livros coloridos deram uma boa utilidade ao espaço e ainda deixaram tudo mais animado.


 Neste exemplo abaixo, eles colocaram luzes nas prateleiras. Ainda não fiz isto em minha casa, mas a ideia é muito boa. Inclusive, a luz do espaço é fundamental. Apesar de adorar a tonalidade amarela de luz, optei pela luz branca porque acho melhor para estudar.


7- Por último, sugiro móveis com rodinhas para que você possa deslocá-los sempre que necessário. Além de ser útil da hora da limpeza, eles possibilitam uma mudança rápida que pode ser fundamental para quando o home office vira quarto de hóspedes.


Agora o mais importante é que fique a nossa cara! Por isso, sou super a favor do "faça você mesmo". A melhor coisa de estar em casa é se sentir em casa!

(fotos retiradas da internet)

domingo, 14 de setembro de 2014

Chico compreende minha alma feminina


Li há pouco uma postagem que falava que as músicas de Chico Buarque reforçavam a imagem de uma mulher passiva, que está sempre a esperar. A postagem dizia que "ele naturaliza e normatiza o machismo e pinta suas personagens femininas com um forte tom de resignação" (http://lounge.obviousmag.org/01100011_01110101/2014/09/sou-mulher-e-chico-buarque-nao-me-compreende.html).

Depois do susto de ver uma opinião tão equivocada a cerca das mulheres de Chico, resolvi apresentar um contraponto.

Como propõe a postagem citada, também não acredito que exista UMA alma feminina, mas sim múltiplas, mesmo numa só mulher. Sou tantas, por vezes até contraditória, e Chico pode até não falar de todas as mulheres possíveis que sou, mas é certo que entende várias.

Vamos citar algumas das muitas que sou ou já fui:
Muitas de nós já perdemos alguém e ficamos sem chão. Como seguir se tudo que planejei foi com esta pessoa? Perguntava-nos. Para momentos assim, nada como afogar as mágoas em "Eu te amo":


Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir
Se ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que ainda posso ir
Mas, se podemos ser uma mulher frágil, que fica sem rumo com o fim de um romance, também somos a que dá a volta por cima, que olha nos olhos do antigo amor e mostra que ele não causou estragos, que podemos estar melhor e que temos liberdade. É o que canta Chico ou Bethania, que solicita o título de sua melhor intérprete:

Olhos nos olhos, quero ver o que você faz
Ao sentir que sem você eu passo bem demais
E que venho até remoçando
Me pego cantando
Sem mais nem porquê
E tantas águas rolaram
Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você
Sempre tive a sensação de que a mulher brasileira "precisava" ser sensual, sem sentir desejo. Elas deveriam ser apenas desejáveis. Mas esta condição não nos torna objetos? As mulheres de Chico são "sujeitos", sentem desejo, amam loucamente e sem culpa como em "O meu amor"
O meu amor tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca quando me beija a boca
A minha pele toda fica arrepiada
E me beija com calma e fundo

Até minh'alma se sentir beijada
Ou em Tatuagem:
Quero brincar no teu corpo
Feito bailarina
Que logo te alucina
Salta e se ilumina
Quando a noite vem
E nos músculos exaustos
Do teu braço
Repousar frouxa, farta
Murcha, morta de cansaço
Falar de desejo e de prazer feminino é ainda uma ousadia. Mas Chico também encarna as mulheres que eu nunca fui como as que calam, aceitam e esperam vendo o mundo passar de suas janelas. Entretanto, ele não faz isto como quem as julga, como fazem muitas das mulheres que se dizem feministas, ele faz isto do ponto de vista delas. São canções que fazem críticas ora sutis como em "Com açúcar e com afeto", ora arrebatadoras como em "Mil Perdões" ao cantar "Te perdoo/Por ergueres a mão/Por bateres em mim". As letras não reforçam estereótipos, elas fazem denúncias de como muitas mulheres vivem e de como são julgadas por todos os lados.
Mas, mesmo ainda tendo/sendo muitas mulheres de Chico, escolhi terminar a postagem com uma das mulheres que sou hoje. "Futuros amantes" mostra a delicadeza do amor que estou vivendo, sem pressa. Um amor que guardei no fundo o armário e que agora, enfim, estou vivendo. 

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Home office dos meus sonhos


Passei dois anos flertando com revistas, sites e blogs de decoração até que consegui juntar uma graninha e fazer um home office que tem a minha cara e a utilidade que meu marido queria.

O problema era que o dinheiro era pouco e as ideias muitas. Então, resolvemos fazer tudo por nossa conta: medimos o espaço, desenhamos os moveis, pensamos na decoração e seguimos em busca de um carpinteiro e de promoções.

Como o quarto era muito pequeno (9m²) e temos muitos livros, precisávamos aproveitar todo o espaço disponível para prateleiras. Ao final, colocamos duas prateleiras e um nincho entre as duas  e alternamos o espaço entre uma prateleira e outra, que ficaram com 24cm e 29cm de distância. Assim, dava para colocar os livros menores nas prateleiras mais baixas e os maiores nas mais altas.

A bancada de 3m foi uma solução para termos espaço para nós dois e os móveis com rodinhas são usados para dividir o espaço de cada um e para guardarmos objetos e xerox. Contratamos um carpinteiro muito bom, mas com um preço acessível e gastamos, ao total, R$2mil com os móveis.

O sofá-cama preto foi comprado numa pechincha da Etna, por R$699,90 e as persianas compramos em uma mega promoção da Tok&Stok, custaram R$49,90 (compramos 4 para os cômodos do nosso ap.). Também compramos as cadeiras na Tok&Sotk, mas elas foram mais caras, custaram R$799,90 cada, mas são realmente muito confortáveis.

O toque em amarelo na parede foi feito pela gente com uma lata de spray e, para completar, pintamos de preto as molduras de quadros que já tínhamos, imprimimos umas fotos do Sebastião Salgado, fotógrafo que eu amo, e pronto! Temos um home office que é a nossa cara e ainda é um quarto de hóspedes super confortável. Quem quiser vir, está convidado!

Seguem fotos do antes, durante e depois:










Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...